Buda descansava às margens de um riacho de águas refrescantes.
Molhava seus pés e sentia-se revigorado.
Achega-se a ele, um homem em desespero e reclama: minha
mulher me abandonou! Levou tudo de casa e só me deixou o teto, a cama e o chão.
Quão infeliz estou!
Buda lhe diz:
- Calma, filho... porque o desespero? Tens ainda o teto,
a cama e o chão. Para te alimentares e viveres bem, trabalhes sem preguiça.
Andes pelos caminhos nos momentos de folga, bebas a água fresca da fonte,
colhas os frutos das árvores e bebas o chá a tua disposição. A cevada nutrirá teu
chá e o chá nutrirá teu corpo.
O homem concorda e lhe pergunta:
-Devo ir atrás dela?
Buda lhe responde:
- Se tiveres que pedir perdão, vás e peças, mas não
implores para ela voltar, pois essa decisão depende do amor ou da raiva que ela
sente de ti. O coração feminino é como uma gondola. Quando o peso está
insuportável, ele sabe muito bem como se aliviar.
- O homem, cabisbaixo, molhou a fronte na água fresca e
seguiu seu caminho pensado, pensando... e desapareceu ao final de uma curva.
Buda meneou a cabeça e pensou: aprende, filho, que a vida
pode acarretar surpresas nem sempre boas! Por isso, é preciso cultivar a
sabedoria no trato com os familiares.
Hari